domingo, 11 de setembro de 2011

Um sonho ruim.



Ela: Essa noite eu tive um sonho, e você estava nele.
Ele: E foi bom?
Ela: Deveria ter sido, mas não foi.
Ele: Por que? Quer me contar?
Ela: Era uma noite chuvosa e eu estava caminhando na beira da praia, molhada, com os pés descalços. Somente eu estava lá. Eu e os pingos de chuva que caiam com força. O vento era frio, e não sei bem por qual motivo eu estava lá, apenas estava. Caminhava, caminhava e não chegava a lugar algum. Eu me sentia perdida, vazia e não encontrava ninguém para me ajudar. Então, deitei-me na areia e comecei a chorar, sem controle, sem razão. Foi aí que você apareceu, como um anjo enviado dos céus para me salvar, para me livrar daquela angústia. Você me abraçou forte e 'prometeu que jamais iria me abandonar, independente do que viesse a acontecer. E que mesmo que eu não pudesse mais te sentir, você estaria lá, morando em meus pensamentos, cuidando de mim, de onde quer que estivesse.' Após essas palavras, soltou a minha mão e desapareceu em meio a tempestade, sem ao menos me dizer adeus, sem ao menos me levar junto contigo. E como doeu. Senti como se tivessem arrancado o meu chão e fiquei lá, jogada na areia, com fria, com pena de mim mesma. Como pode me abandonar, mesmo que em sonhos? Como pode me deixar sozinha, ali jogada, sem ao menos me ajudar? Por que fostes tão cruel? Quando abri meus olhos, já raiava o sol, e eu estava em casa. Mas foi tudo tão real. Ainda podia sentir os pingos de chuva banhando o meu corpo e os grãos de areia arranhando a minha pele. Abri os olhos e sorri ao me dar conta de que tudo aquilo não passara de um sonho, um sonho ruim.
Ele: Meu anjo, minha pequena, minha vida. Não foi apenas um sonho, foi real. Você realmente esteve lá, e eu realmente estive lá com você.
Ela: Mas como? Não é possível. Como consegui chegar em casa? Como fui parar lá?
Ele: Não se lembra, meu anjo? Foi um acidente, um acidente de carro. O carro ia em alta velocidade , a chuva caia com força. Então o veículo bateu, e capotou. Haviam duas pessoas dentro do carro, você e o motorista. Você saiu ilesa, mas o motorista não resistiu. Ele morreu. Eu era o motorista. Você saiu desesperada, gritando, correndo no meio da chuva a procura de ajuda, mas não encontrou. Então, sentou-se na beira da praia aos prantos. Foi aí que eu apareci. Eu já estava partindo, a vida havia e tirado o direito de ser feliz ao seu lado, mas eu prometi que não iria te abandonar quando mais precisasse, e fui cumprir. Quando me viu, você assustou-se e desmaiou. Foi aí que te coloquei em meus braços e te carreguei. Depois te te ver sã e salva, decidi que poderia descansar em paz. E agora permaneço aqui, morando em teus pensamentos, e eu te imploro, sejas muito, mas muito feliz e cuide do meu coração, pois eu parti, mas ele permaneceu com você, somente você. Lembre-se, eu morri te amando.
-Foi aí que ela acordou. Suada, tremendo, aos prantos e deu-se conta de que tudo não passara de um sonho, mas um sonho real, e que dali pra frente, ela só iria encontrá-lo lá, em seus sonhos, ou nos seus piores pesadelos.

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