quinta-feira, 15 de setembro de 2011



'Ela havia tornado-se amarga. Um dia fora uma pessoa doce, tão doce que acabou enjoando, enjoando de si mesma. Então ela mudou. O sangue corria quente em suas veias, mas a frieza já havia tomado conta do seu ser. A solidão passou a habitar em seu quarto. A nostalgia passou a ocupar seus pensamentos. A melancolia passou a viver em seus olhos. E o vazio tomou conta do seu coração.Ela guardava tudo para si. Levava seus dias sofrendo sozinha e calada. E quando os sentimentos não cabiam mais dentro de si, começavam a transbordar pelos olhos em formato de lágrimas. Todos a julgavam, poucos a entendiam, mas a vida dela, apenas ela vivia. Era a única a conhecer a dor que trazia consigo, ninguém mais. Resolveu então se afastar. Afastar-se de tudo, e de todos. Mas não por falta de coragem para continuar lutando, e sim, por falta de condições para continuar sofrendo. Uma hora todos cansam, e sua hora havia chegado. Ela havia cansado. Cansado de ver a vida passar, as pessoas partirem, as promessas não serem cumpridas, as lágrimas apenas caírem, os sorrisos serem apenas ensaiados, e todos apenas fingirem que se importavam. Sabia que seria melhor assim, e foi. Manter- se distante poupou-lhe feridas, poupou- lhe decepções, poupou- lhe cicatrizes. Mas também poupou- lhe sorrisos, poupou- lhe bons momentos e boas lembranças. Nada mais lhe restava. Ela não percebia, mas precisava de companhia, precisava de um ombro para chorar e de um colo para deitar. Precisava de alguém que lhe ensinasse a demonstrar um sorriso sincero. Alguém que lhe mostrasse que uma vida sem amor é fútil, é inútil. Que uma vida sem amor sufoca, e vai matando aos poucos. Faltava- lhe alguém que trouxesse cor para a sua vida que seguia em preto e branco. E quando a noite cai, sobrevinha- lhe uma pitada de esperança. Esperança de que os próximos dias fossem mais claros, as flores fossem mais vivas, o ar fosse mais puro e que as horas trouxessem- lhe vontade de viver e não apenas disposição para sobreviver.Pois não adiantava continuar respirando, mas sentir- se morta, morta consigo mesma.

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