terça-feira, 22 de novembro de 2011

Abandonada, sozinha, solitária, […] com um cigarro em uma das suas mãos e um lápis na outraA cada tragada, uma frase. Frases que ela transcrevia em seus papéis e que se transformavam em cartas inacabadas. Cartas que continham os seus sentimentos, dos mais simples, aos mais inetnsosCartas borradas com os pingos de lágrimas que ela deixava deslizar sobre a sua face. Cartas de dor, de amor, sem finais felizes, assim como os seus dias. Nada mais fazia sentido, nenhuma ação, nenhuma decisão. Vivia apenas por viver, ou melhorsobrevivia. E quando a noite caia, trancava-se entre as quatro paredes do quarto, deitava-se no canto mais frio e desabava a chorar. Chorar baixinho para ninguém perceber. Sentia pena de si mesma, afinal, não existe dor pior do que sentir-se morto e continuar vivendo. Após as sessões de desabafo às paredes, olhava-se em seu espelho e passava horas ensaiando, ensaiando sorrisos que demonstrassem que ela estava bem, mesmo não estando. E fingia tão bem, com tamanha perfeição que todos passavam a acreditar. Ao seu redor haviam apenas pessoas fúteis, vazias, inúteis, assim como as cinzas dos seus cigarros. E as boas lembranças, de boas pessoas reduziram-se a nada. Foram espalhando-se e perdendo-se no tempo, como as fumaças que ela soltava no ar. Ela havia mudado, a vida a obrigou a ser assim, e ela nem percebeu.” 

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